quinta-feira, 3 de março de 2011

Amante do pai mata menina de 6 anos

Polícia de Duque de Caxias acredita que jovem planejou sequestro para obter R$ 2 mil, mas teve receio de ser reconhecida pela garota




A polícia do Rio prendeu uma mulher acusada de ter sequestrado e assassinado uma menina de 6 anos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Luciene Reis Santana, de 24 anos, teria asfixiado a filha do amante em um hotel no centro da cidade. Ela foi indiciada e teve a prisão temporária decretada pela Justiça fluminense. Se condenada, Luciene pode cumprir pena de até 30 anos de reclusão.

O corpo da menina Lavínia Azeredo de Oliveira foi encontrado no fim da manhã de ontem, por uma funcionária do estabelecimento, sob a cama de um dos quartos. Ela estava desaparecida desde a madrugada de segunda-feira, quando foi tirada de casa enquanto a família dormia. Peritos afirmaram que a criança foi asfixiada no mesmo dia, com um cadarço de sapato.
Motivação. A justificativa para o crime seria uma quantia de R$ 2 mil em dinheiro, que era guardada na casa da família de Lavínia por Rony dos Santos de Oliveira, pai da menina e amante de Luciene. Segundo a polícia, a acusada raptou a criança, culpou o ex-marido e disse ao amante que a criança seria libertada com o pagamento do resgate. Luciene sabia que Rony guardava em casa os R$ 2 mil, que seriam usados como entrada na compra de um carro.
Os policiais acreditam que a acusada decidiu matar a criança após perceber que poderia ser reconhecida pela menina, caso ela fosse libertada com vida. Os investigadores articularam o suposto pagamento do resgate na manhã de ontem e prenderam Luciene quando ela tentava fugir. O delegado Robson Costa, responsável pela investigação, considerou o caso encerrado.
Lavínia havia sido vista pelos pais pela última vez na madrugada de segunda-feira. Por volta de 3 horas, a mãe acompanhou a menina até o banheiro, trancou a porta de casa e fechou a janela do quarto da criança antes de voltar a dormir. Quando o pai de Lavínia acordou, às 5h45, viu que a filha não estava lá e percebeu que a porta de casa e a janela do quarto estavam abertas.
Desde o desaparecimento, Rony levantou suspeitas sobre o envolvimento da amante com o desaparecimento da menina. De acordo com testemunhas, os dois ainda mantinham um caso e teriam brigado na noite anterior ao crime. Na discussão, Luciene teria ameaçado se matar.
Os pais da menina e a amante chegaram a ser interrogados durante as investigações, quando o caso ainda era tratado apenas como sequestro. O delegado suspeitava que o criminoso era uma pessoa conhecida de Lavínia, pois a porta e a janela não tinham sinais de arrombamento.
Disque Denúncia. A polícia chegou ao hotel no centro de Duque de Caxias, a sete quilômetros da casa da família, depois que uma testemunha fez uma ligação para o Disque Denúncia. O corpo da menina foi encontrado sob a cama do quarto 406, vestido com suas roupas e com um lençol sobre o rosto. Ela tinha marcas no pescoço, indicando que havia sido asfixiada.
Na sequência, os investigadores foram até a casa da amante do pai de Lavínia. Ela teria sido reconhecida pelos funcionários do hotel.
PARA LEMBRAR
Há 51 anos, crime parecido chocou o Rio
Infidelidade conjugal, orgulho ferido, ódio sem limites, vingança. Um roteiro semelhante ao que aparentemente levou ontem ao assassinato da pequena Lavínia Azeredo dos Reis, de 6 anos, chocou o Rio meio século atrás, no assassinato de Tânia Maria Coelho Araújo, a Taninha, de 4 anos.
A menina foi executada com um tiro na cabeça e queimada por Neyde Maria Lopes, uma ex-namorada do pai, Antonio Couto Araújo. O crime, no subúrbio da então capital do País, rendeu à assassina 33 anos de prisão - ela cumpriu 15 e foi libertada por bom comportamento - e dois apelidos cunhados pela imprensa: "Frankenstein de Saias" e "Fera da Penha".
O motorista Antônio e a comerciária Neyde, então com 22 anos, conheceram-se em 1959 na Central do Brasil e começaram a namorar. Ele, porém, escondeu que era casado e pai de duas filhas.
Em 30 de junho de 1960, Neyde telefonou para a escola onde Taninha estava matriculada e, dizendo ser Nilza, afirmou que não poderia comparecer para pegar a "filha", mas mandaria uma vizinha fazê-lo.
Depois, apresentou-se no colégio como emissária da mãe e levou a criança para um galpão nos fundos do Matadouro da Penha. Alvejou a garota, incendiou o corpo e foi embora. Presa, resistiu a mais de dez horas de interrogatório, mas acabou confessando.