quinta-feira, 30 de junho de 2011

Confiança da indústria cai pelo 6º mês seguido, diz FGV

Índice de Confiança da Indústria manteve a trajetória de queda e recuou 2,5% em junho


RIO - O Índice de Confiança da Indústria (ICI), da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, manteve a trajetória de queda e recuou 2,5% em junho, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Foi a sexta queda consecutiva do ICC. Em maio, o indicador caiu 1,2% ante abril. De maio para junho, o indicador passou de 109,9 pontos para 107,1 pontos, na série com ajuste sazonal. Este é o menor nível da confiança da indústria desde outubro de 2009 (107,0 pontos).
O ICI é composto por dois indicadores. O primeiro é o Índice da Situação Atual (ISA), que caiu 3,5% em junho após mostrar queda de 1,7% em maio. Com o resultado, o ISA atingiu o pior nível desde outubro de 2009. O segundo componente do ICI é o Índice de Expectativas (IE), que cedeu 1,7%, em comparação com a queda de 0,6% em maio, e registra em junho o patamar mais baixo desde setembro de 2009.
Na comparação com junho do ano passado, o ICI registrou queda de 7,3% esse mês, recuo mais intenso do que a taxa negativa de 4,8% apurada em maio, no mesmo tipo de comparação. Ainda na comparação com junho do ano passado, houve quedas de 9,8% e de 4,6%, respectivamente para o índice de Situação Atual e para o indicador de Expectativas, em junho deste ano.
O ICI é elaborado a partir de cinco tópicos da Sondagem da Indústria. A partir das respostas destes tópicos, a FGV elabora o resultado do índice que vai até 200 pontos, sendo que o desempenho do indicador é de queda ou de elevação se a pontuação total das respostas fica abaixo ou acima de 100 pontos, respectivamente. O levantamento para cálculo do índice foi entre os dias 2 e 27 deste mês, em uma amostra de 1.146 empresas informantes.
Capacidade instalada
O Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) da indústria com ajuste sazonal ficou em 84,3% em junho, após registrar patamar de 84,4% em maio.
A FGV informou ainda que, na análise de média móvel trimestral, o Nuci permaneceu em 84,4% pelo terceiro mês consecutivo, em junho.
Ainda segundo a fundação, na série de dados sem ajuste sazonal, o nível de uso de capacidade em junho foi de 84,1%, idêntico ao apurado em maio, nesta mesma série. 

Pimentel ataca bancos e defende apoio do BNDES ao Pão de Açúcar

Ministro do Desenvolvimento respondeu críticas da operação ao envolvimento do banco estatal na proposta de fusão entre o grupo de Abilio Diniz e a operação brasileira do Carrefour


BRASÍLIA - Diante das reações negativas quanto à participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na fusão entre o grupo Pão de Açúcar e a parte brasileira do Carrefour, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, decidiu atacar os bancos brasileiros.
"Tudo seria resolvido se o setor financeiro privado do Brasil fizesse o papel dele, que é financiar o capital brasileiro", reclamou. "Como ele não faz isso, o BNDES tem de atuar."
Ele fez essa afirmação ao final de uma reunião na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados, em que a operação foi criticada por parlamentares da oposição. O BNDES informou nesta terça-feira que poderá participar com até 2 bilhões de euros na transação, o que representa cerca de R$ 4,5 bilhões. "Por que aplicar recursos dessa monta em um setor consolidado como o varejo?", questionou o líder do PSDB na casa, Duarte Nogueira (SP). Ele alertou que a fusão entre as duas redes de supermercado levará à redução da concorrência e provocará desemprego no setor.
O deputado Guilherme Campos (DEM-SP) afirmou que o grupo Pão de Açúcar teria condições de buscar financiamento no mercado. "Não precisaria de recursos do BNDES." O ministro afirmou, por diversas vezes, que ainda não é certo que o banco estatal entrará no negócio. "Ela está sendo avaliada pela diretoria", disse. "A operação não foi realizada ainda, não há compra de ações por parte do BNDES."
Mérito. Mesmo assim, o ministro defendeu uma eventual participação do banco. "Se a operação vier a ser realizada, ela tem uma importância estratégica", disse. "É a associação de um grande grupo nacional com um ou dois grupos estrangeiros, que abriria uma porta importantíssima para a colocação de produtos brasileiros industrializados no mundo inteiro." Segundo o ministro, esse seria o "grande interesse" do governo na operação.
Pimentel acrescentou que o negócio não está fora dos padrões das demais operações feitas pelo BNDES. Disse ver "mérito" na proposta, usando a mesma expressão dita anteontem pelo presidente do banco, Luciano Coutinho.
Um eventual prejuízo à concorrência tampouco preocupa o ministro. Ele citou dados das empresas pelos quais a concentração de mercado sob o poder da nova empresa é entre 25% e 30%. "É muito pouco, não acho que haja grande risco à concorrência", comentou.
Duarte Nogueira rebateu o argumento de Pimentel . "Não estamos internacionalizando o Pão de Açúcar, estamos desnacionalizando-o", afirmou.