quarta-feira, 13 de julho de 2011

Restrições para fusão equivalem a 13% da receita da BRF Fusão Sadia-Perdigão foi aprovada nesta quarta-feira pelo Cade. Empresa terá que abrir mão de marcas e alienar fábricas.



O presidente da Brasil Foods (BRF), José Antonio Fay, afirmou nesta quarta-feira (13) que o conjunto de restrições impostas pelo acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão terá um impacto de cerca de R$ 3 bilhões no faturamento anual da companhia, o que corresponde a 11,6% do volume da BRF e a 13,1% da receita operacional líquida da companhia no ano de 2010.
Apesar das restrições impostas, ele considerou "bom" o acordo. "Foi bom, um acordo razoável dentro do que a gente se propôs na negociação", afirmou Fay.
Segundo ele, o acordo atende as preocupações antitruste, protege os consumidores a abre espaço para mais um concorrente.
Ele também destacou que a companhia continuará atuando em todas as categorias e com a decisão do Cade a criação da BRF está consolidada. "Hoje é o dia em que encerramos a aquisição da Sadia", disse. "Sadia e perdigão são marcas, não são mais companhias", completo.
Sobre o valor de mercado dos bens e ativos que terão que ser vendidos, ele informou que a companhia irá iniciar agora o processo de avaliação para lançar concorrência para a aquisição do "negócio".
Questionado sobre alguma preferência sobre o futuro comprador, Fay disse que o importante é fazer o melhor negócio e que não há preferência por um comprador nacional ou estrangeiro. "Eu tenho uma grande preferência que é vender bem, para quem pagar mais".
O executivo ressaltou que o acordo firmado como Cade estabelece que a empresa que vier a adquirir os ativos que serão colocados à venda terpa que manter todos os empregados por pelo menos seis meses. "Não há nenhum tipo de ameaça para os nossos 115 mil funcionários", afirmou.
Aprovação
A fusão entre Sadia e Perdigão, que deu origem à Brasil Foods, foi aprovada nesta quarta-feira pelo Cade, depois que os conselheiros do órgão e representantes da empresa costuraram um acordo por meio do qual a BRF abre mão de marcas e ativos.
arte fusão Sadia e Perdigão (Foto: Editoria de Arte/G1)
O acordo
O ponto central do acordo – e principal exigência feita pelo Cade -, é a suspensão da venda de parte dos produtos Perdigão. Presunto, pernil, tender, linguiça e paio da marca vão ficar fora do mercado por três anos. Os salames, por quatro anos. Já pizzas, lasanhas e congelados Perdigão só voltam a ser vendidos no Brasil em cinco anos.
Sobre a suspensão da venda de diversos produtos da Perdigão, o presidente da BRF destacou que a marca continuará "presente em categorias importantes".

Além disso, a Batavo terá que suspender a venda, por quatro anos, de produtos derivados de carnes processadas, entre eles hambúrgueres e salsicha.
Pelas medidas impostas pelo acordo, a BRF terá que vender 12 marcas chamadas “de combate” (mais baratas, que costumam concorrer por preço): Rezende, Wilson, Patitas, Tekitos, Texas, Escolha Saudável, Light Elegant, Fiesta, Freski, Confiança, Doriana e Delicata.
O acordo prevê ainda a proibição de que a BRF lance novas marcas para substituir aquelas que estão sendo suspensas. Pelo acordo, não haverá qualquer restrição aos produtos da marca Sadia.
Alienação de fábricas
A BRF também fica obrigada a alienar cadeias completas de produção, desde abatedouros até fábricas e centros de distribuição. Este pacote inclui a venda de 10 fábricas de alimentos processados, 2 abatedouros de suínos, 2 abatedouros de aves, 4 fábricas de ração, 12 granjas de matrizes de frangos, 2 incubatórios de aves e 8 centros de distribuição. Todos os ativos dos quais a BRF terá que se desfazer devem ser vendidos a um único comprador, para que ele tenha escala para competir com a própria Brasil Foods.
De acordo com o conselheiro do Cade Ricardo Ruiz, as alienações equivalem à produção de 730 toneladas/ano de alimentos ou 80% da produção da Perdigão voltada ao mercado brasileiro. A decisão não afeta as exportações da BRF.
Ruiz apontou que as medidas aplicadas pelo Cade pretendem ser uma vacina contra concentrações econômicas da BRF em mercados "problemáticos" e visam dar a oportunidade de entrada de uma terceira empresa com condições de competir no setor e de ser uma verdadeira concorrente da BRF.
O conselheiro Carlos Ragazzo manteve seu voto contrário à fusão. Ele lembrou trecho de seu relatório que aponta que a tendência dos consumidores, com a ausência de produtos da Perdigão, é migrar para os da Sadia, e que a o acordo não garante competitividade no setor.
Na avaliação de Ragazzo, marcas como Batavo não têm condição de competir com a BRF e apenas a alienação da Perdigão seria capaz de tirar mercado da BRF e trazer competição para o setor.

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